Inovação e destruição criativa: o que o Nobel de Economia 2025 nos ensina
- Isadora Piazza
 - há 5 dias
 - 3 min de leitura
 

O Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2025 foi concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt por um motivo que deveria chamar a atenção de todos que lidam com desenvolvimento, inovação e políticas públicas: eles explicaram, em profundidade, como a inovação impulsiona o crescimento econômico sustentado.
Em um mundo onde falar de inovação virou moda, o reconhecimento a esse trio serve como um lembrete poderoso: crescimento não nasce de boas ideias isoladas, mas da capacidade de transformar conhecimento em progresso coletivo.
O que o Nobel de 2025 revelou
Joel Mokyr, historiador econômico, argumenta que o verdadeiro motor da prosperidade está na combinação entre conhecimento científico e sua aplicação prática, ou seja, na ponte entre quem descobre e quem faz. Segundo ele, sociedades crescem quando não apenas inventam, mas compreendem o porquê das invenções funcionarem e constroem instituições capazes de sustentar esse ciclo de aprendizado.
Já Philippe Aghion e Peter Howitt ficaram conhecidos por desenvolver o conceito de “destruição criativa”, inspirado em Joseph Schumpeter: o processo em que novas tecnologias e modelos de negócio substituem os antigos, gerando ganhos de produtividade e bem-estar, mas também desafiando estruturas estabelecidas. A inovação, para eles, é tanto força criadora quanto destruidora, e requer instituições fortes, políticas de transição e cultura adaptativa para que a mudança não gere caos, mas avanço.
O Nobel reforça reforça o que vivenciamos todos os dias em campo:
Inovação é um processo social, não um lampejo individual. Ela depende de ambientes que estimulem a troca, a colaboração e a difusão de ideias, exatamente o papel dos ecossistemas de inovação que apoiamos em todo o país.
A destruição criativa é inevitável, mas pode (e deve) ser governada. Nossos modelos ajudam territórios e organizações a gerirem essa transição, mitigando resistências e convertendo o novo em resultado.
O conhecimento precisa de instituições que o sustentem. Por isso falamos tanto em governança participativa, conselhos consultivos, indicadores de desempenho e ritos de acompanhamento: porque inovação sem método é só entusiasmo.
Crescimento requer continuidade. O que diferencia regiões e empresas bem-sucedidas das que estagnam é a capacidade de manter o ciclo de aprendizado vivo, alimentado por dados, métricas e cultura de colaboração.
Da teoria à prática: um alerta para líderes e ecossistemas
O prêmio deste ano é mais do que uma homenagem acadêmica, é um manual de sobrevivência para economias, empresas e governos.
Num cenário de mudanças tecnológicas aceleradas, quem não entende a lógica da destruição criativa corre o risco de ser destruído por ela.
Líderes públicos e privados precisam se perguntar:
Estamos preparando nossas equipes e instituições para o novo?
Temos governança para lidar com transições e não apenas para manter o status quo?
Sabemos medir o impacto real da inovação, ou seguimos comemorando eventos e ideias desconectadas da prática?
Na Exxas, temos clareza de que a inovação precisa encontrar o método, e o método precisa encontrar lideranças dispostas a mudar.
É nessa interseção, entre o desejo de criar e a capacidade de coordenar, que nascem os ecossistemas mais fortes, as empresas mais adaptáveis e as cidades mais inteligentes.
O Nobel de 2025 não premia apenas três economistas brilhantes; ele premia a ideia de que inovar exige estrutura e propósito.
Assim como eles mostraram que o crescimento depende de um sistema capaz de transformar conhecimento em progresso, acreditamos que o Brasil só avançará quando seus ecossistemas de inovação tiverem método, métricas e maturidade para sustentar a transformação.
A inovação não é o fim, é o meio pelo qual criamos valor, fortalecemos territórios e desenhamos futuros possíveis. E talvez essa seja a grande lição deste Nobel: a destruição criativa precisa de governança construtiva.




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